SÃndrome de Down: Conosco, não por nós!
Uma das condições mais estigmatizadas em todo o mundo, a SÃndrome de Down é caracterizada pela presença de três cromossomos 21 nas células, ao invés de dois.
Ao longo dos anos, pessoas com Down sofreram, e sofrem, diferentes tipos de repressão e preconceito em nossa sociedade.
A luta para extinguir a discriminação vem, principalmente, da ignorância em não saber o que, de fato, é essa sÃndrome.
Portanto, para explicar melhor e desmistificar alguns assuntos, conversamos com o Dr. Antonio Aguiar.
O Dr. Antonio é pediatra e especialista no assunto, além de ser parceiro da TCR!
- Muitas pessoas acreditam que a SÃndrome de Down é uma doença, então, para desmistificar essa ideia, o que seria, de fato, a SÃndrome de Down?
“A sÃndrome de Down é um transtorno de ordem genética, ou seja, as pessoas que têm a SÃndrome de Down possuem um cromossomo a mais do que a maioria das pessoas da espécie humana", disse o especialista.
Ele continua: "Essa alteração genética confere à s pessoas com SÃndrome de Down aquelas caracterÃsticas que todos nós conhecemos. Na verdade, a SÃndrome de Down faz parte da diversidade humana, da diversidade que existe sobre o planeta Terra. Como temos várias particularidades nessa diversidade, a SÃndrome de Down também vai apresentar as suas particularidades que devem ser entendidas pelos profissionais e pelos familiares como condições de melhoria da vida deles."
O médico levanta um ponto bastante interessante sobre esse assunto: as pessoas com essa sÃndrome, muitas vezes são percebidas como incapazes e inválidas. Normalmente possuem um apoio insuficiente ou mesmo controlador.
Sendo assim, um dos objetivos da campanha do Dia Internacional da SÃndrome de Down é justamente chamar e conscientizar o público sobre o apoio.
Por isso o tÃtulo "Conosco, não por nós", uma abordagem que defende os direitos humanos, excluindo de vez o estereótipo de caridade oferecida para essas pessoas.
Esse debate deve ser cada vez mais estendido para a população. Devemos abarcar não somente famÃlias, mas também corporações e instituições que não possuem polÃticas para essas pessoas.
Agora que explicamos um pouco sobre esse ponto, uma questão interessante abordada em nossa entrevista foi sobre o seu diagnóstico. Você sabe como ele é feito?
- O diagnóstico da SÃndrome de Down pode ser obtido ainda na gestação, durante o pré-natal, certo? A partir de quantas semanas é possÃvel obter tal diagnóstico e através de qual exame?
"O diagnóstico da SÃndrome de Down é um diagnóstico que é eminentemente clÃnico. Quando a criança nasce, a avaliação pré-natal apontará algumas das principais caracterÃsticas, como obliquidade da fenda palpebral, implantação baixa da orelha e o excesso de pele na região da nuca".
O especialista cita ainda alguns exames que podem auxiliar no diagnóstico nessa etapa:
"Você pode fazer, por exemplo, o NIPT, que é um exame não invasivo para a pesquisa neonatal. O NIPT deve ser feito a partir da nona semana de gestação, e é feito através do sangue". O médico continua: "Em torno de onze a treze semanas de gestação, você pode, por exemplo, fazer o que a gente chama biópsia de vilo corial. Esse é um exame feito através de um ultrassom, que aà a gente já tem a necessidade da imagem presente no exame, você vai até a unidade ali do saco vitelino, onde o óvulo foi implantado, e é feito uma microaspiração de células dessa região, e essas células são levadas para estudo genético, e isso nos dá cem por cento de positividade".
Dr. Antonio ainda pontua a utilização do ultrassom morfológico fetal, entretanto, afirma que esse é um exame com baixa porcentagem de positividade para a sÃndrome.
- Existe algum fator de risco para a sÃndrome?
Segundo o Dr. Antonio, a idade materna é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento da sÃndrome. “Acima de quarenta anos, a relação é altÃssima, é praticamente um para cada dez nascimentos. Assim, acontece algo que poderÃamos chamar de desmaturidade ovariana, porque o homem refaz o espermatozoide dele ciclicamente, há sempre produção e renovação do espermatozoide. Já a mulher, ela tem o óvulo com a idade dela, uma mulher de vinte anos tem os óvulos de vinte anos e uma mulher de quarenta anos tem óvulos de quarenta anos", afirmou.
Isso significa que pode ocorrer uma falta de maturação e adequação biológica, que são fatores que podem levar ao surgimento da SÃndrome, isso tanto em uma idade nova ou mais avançada.
As questões sobre a SÃndrome de Down são pouco exploradas, seja na mÃdia, em corporações e escolas. Por isso, ainda hoje, há uma disseminação de falsas informações, que reverberam sobre atitudes preconceituosas sobre essa comunidade.
A campanha do Dia Internacional da SÃndrome de Down, realizada no dia 21 de março (data que faz alusão à origem da sÃndrome), tem o papel de reverter essa situação.
Como já dito, a campanha deste ano tem como tema "Conosco, não por nós". Essa é uma atitude que subverte e tira o estereótipo de dependência dessa comunidade, chamando a população para lutar com eles.
Sendo assim, as informações sobre essa sÃndrome precisam ser cada vez mais difundidas. Por isso, conduzimos essa entrevista, e disponibilizamos o segundo bloco completo para você ouvir e aprender um pouco mais sobre a SÃndrome de Down.
Não deixe de sempre buscar um especialista para sanar as suas dúvidas. Torne-se um aliado e faça parte dessa campanha. Juntos sempre!