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Novembro Azul: Entrevista com Dr. Anderson Ayupe

O Dr. Anderson Ayupe é médico, graduado pela UFJF em 1984, com residência em cirurgia geral e urologia pela UERJ e especialização em urologia na França. Possui título de especialista em urologia pela Sociedade Brasileira de Urologia.

Novembro Azul: Entrevista com Dr. Anderson Ayupe

Por que a incidência de câncer de próstata está aumentando a cada ano no Brasil?

A incidência do câncer de próstata vem aumentando no Brasil em decorrência da maior longevidade. As pessoas estão vivendo mais, por isso o diagnóstico vem sendo feito com mais frequência. O câncer de próstata é muito raro em homens com menos de 40, mas a chance de ter câncer de próstata aumenta rapidamente após os 50 anos. Aproximadamente 60% dos cânceres de próstata são diagnosticados em homens com mais de 65 anos.

Em sua opinião, quais as principais barreiras que impedem que os homens não cuidem de sua saúde em geral e da saúde da próstata em particular?

Eu acho que o que mais impede é o medo de receber um diagnóstico de câncer. O medo de a pessoa ser estigmatizada com um câncer faz com que elas comecem a fugir dos consultórios.

Quais os exames que o homem deve fazer para a prevenção do câncer de próstata? A partir de que idade?

Devemos sempre iniciar com a história clínica do paciente, a anamnese. A partir daí, passamos para o exame físico, principalmente, no caso da próstata, o toque retal, e depois partimos para os exames complementares, o laboratorial que é a dosagem do antígeno específico da próstata chamado de PSA e o exame por imagem que é a ultrassonografia. Como o câncer de próstata aparece com o avançar da idade, os homens que não tem casos de câncer de próstata na família devem começar a fazer exame físico (consulta com urologista) a partir dos 50 anos e aqueles que tem parente de primeiro grau com câncer de próstata devem começar a partir dos 45 anos.

Existem fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de próstata?

São três fatores de risco principais: a idade, os fatores étnicos e os genéticos. O câncer de próstata é mais frequente em homens de ascendência africana do que em homens de outras raças. Pessoas de raça negra têm o dobro da probabilidade de morrer de câncer de próstata do que os homens brancos. O câncer de próstata ocorre com menos frequência em homens asiáticos e hispânicos/latinos do que em brancos não hispânicos. Os motivos dessas diferenças raciais não estão claras. Algumas alterações genéticas hereditárias podem aumentar o risco de desenvolver mais do que um tipo de câncer e ter um parente de primeiro grau com diagnóstico de câncer de próstata mais do que duplica o risco de um homem de desenvolver a doença.

Por que o câncer de próstata é considerado uma doença silenciosa? Quais são os principais sintomas do câncer de próstata?

Tanto o câncer de próstata como o crescimento benigno da próstata não apresentam sintomas muito exuberantes. Sintomas mais exuberantes só aparecem em uma fase mais avançada da doença. Dentre os principais sintomas, temos a diminuição do jato urinário, aumento da frequência urinária, o esvaziamento incompleto da bexiga e a presença de sangue no esperma (10% dos pacientes que tem sangue no esperma tem câncer de próstata). Se um ou mais sintomas desses se manifestar, é preciso ficar atento. Quando os sintomas aparecem de uma maneira mais agressiva, normalmente significa que a doença já se encontra em uma fase mais adiantada. Por isso, é importante fazer o controle clínico através de consulta com um especialista mesmo não tendo nenhum sintoma, a partir dos 50 anos.

Como é feito o diagnóstico para o câncer de próstata?

O diagnóstico é feito pela história clínica do paciente, pelo toque da próstata – se ele tem uma próstata um pouco mais endurecida ou irregular, por exemplo, temos que ter mais atenção. Além disso, lançamos mão dos exames laboratoriais, através da dosagem do PSA, e da ultrassonografia. Muitas vezes, a partir daí é necessário fazermos uma biópsia. Porém, verificamos com o passar dos anos, que 75% das biópsias eram desnecessárias por isso, hoje solicitamos também a ressonância magnética da próstata o que diminuiu consideravelmente o número de biópsias.

Quais os tratamentos para o câncer de próstata?

Os principais tratamentos para o câncer de próstata hoje são a cirurgia, a radioterapia, e a braquiterapia (tipo de radioterapia interna na qual um material radioativo é inserido dentro ou próxima ao órgão a ser tratado). Como qualquer outro tipo de câncer as chances de cura do câncer de próstata dependem do momento do diagnóstico. Quanto menor o estágio do câncer, maior a possibilidade que os tratamentos realizados no paciente possam efetivamente determinar sua cura. Se a doença for diagnosticada em uma fase inicial, a chance de cura é de 90%. Se o diagnóstico for feito em uma fase avançada, cai para 20%. A cirurgia nos dá de 90 a 95% de chance de cura quando pegamos o paciente em uma fase inicial da doença. A radioterapia também é um bom método de tratamento assim como a braquiterapia. Nenhum desses tratamentos é isento de complicações. As principais complicações são a incontinência urinária e a impotência (disfunção sexual erétil), o que é observado principalmente na cirurgia. Porém, hoje, quando encontramos tumores de baixo grau de agressividade nós podemos fazer também a vigilância ativa desses pacientes. Nesses casos, o paciente é acompanhado de perto, fazendo exames regulares de PSA, exame físico incluindo toque retal e ultrassonografias a cada 3 ou 6meses. A melhor opção de tratamento é definida individualmente. Avaliamos caso a caso, levando em consideração a idade do paciente, a expectativa de vida, a fase da doença, o tipo de tumor, etc.

É possível reverter os efeitos colaterais caso ocorram?

Tanto a impotência como a incontinência urinária são passíveis de tratamento e de controle. Quando o paciente desenvolve impotência sexual ou dificuldade de manter a ereção após a cirurgia, iniciamos sempre com tratamento com drogas orais. Na falha da droga oral, podemos trabalhar com drogas penianas injetáveis e, na falha dessas, podemos fazer os implantes penianos que são as próteses penianas. Quanto a incontinência urinária, se for por lesão do esfíncter urinário durante a cirurgia, podemos lançar mão hoje do esfíncter urinário artificial o que traz resultados muito bons nestes casos. É importante destacar que o número de complicações tem diminuído atualmente com o melhoramento da técnica cirúrgica.

O senhor poderia comentar sobre a relação da obesidade e o câncer de próstata?

Foi verificado durante os últimos anos que os pacientes obesos desenvolvem tumores prostáticos mais agressivos. Além disso, estudos têm apontado que a obesidade favorece o desenvolvimento dos tumores na próstata. A obesidade pode interferir na dosagem do antígeno prostático específico (PSA) ao provocar uma diluição desta substância no sangue, pode dificultar o exame do toque retal e a realização da biópsia da próstata e, finalmente, pode interferir no comportamento do tumor, interferindo no prognóstico. A relação da obesidade com o câncer de próstata se deve a alteração hormonal causada pela obesidade, que causaria mudanças nos níveis de testosterona, estrogênios, insulina, adiponectina, leptina e substâncias inflamatórias, que em conjunto provocariam uma maior atividade de multiplicação das células neoplásicas. Para os pacientes que tem índice de massa corporal muito grande, orientamos sempre fazer exercício físico, procurar um endocrinologista, um nutricionista para que possamos controlar melhor esses pacientes.

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