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Entrevista: Dr. Aécio Flávio Meirelles de Souza

Dr. Aécio Flávio Meirelles de SouzaEntrevista: Dr. Aécio Flávio Meirelles de Souza

O Dr. Aécio Flávio Meirelles de Souza é Doutor em Gastroenterologia e Professor Associado do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Fez aperfeiçoamento em doenças do fígado pelo Serviço de Hepatologia do Hospital Beaujon, na França e é Membro Efetivo da Associação Europeia para o Estudo do Fígado (EASL) e Membro Titular da Sociedade Brasileira de Hepatologia (SBH). Em 2018, juntamente com outros profissionais especialistas em patologias hepáticas, fundou o Instituto do Fígado de Juiz de Fora (IFJUF). Com foco acadêmico e social, o IFJUF é presidido pelo Dr. Aécio desde sua fundação.

O que são hepatites?

Qualquer inflamação do fígado é hepatite. Pode ser causada por vírus ou pelo uso de alguns remédios, álcool e drogas.

Quais são os tipos mais comuns?

No Brasil, a hepatite viral mais comum é a causada pelo vírus A. A Hepatite E é muito parecida com a Hepatite A, mas é muito rara no país. Das hepatites que além de serem agudas podem se tornar crônicas, temos as hepatites B, C e D.

Quais são as principais formas de transmissão da doença?

A hepatite A e a E, embora a E seja rara, são transmitidas principalmente por água contaminada por fezes, transmissão oral-fecal. A hepatite B – e junto com ela a D, que não existe sem a D (o vírus D para causar infecção precisa da presença do vírus tipo B) – é transmitida principalmente por via sexual ou por compartilhamento de material cortante, ou seja, é muito comum a transmissão entre usuários de drogas. Antigamente, também eram transmitidas através de transfusão de sangue contaminado, mas hoje, essa forma de contágio praticamente inexiste. A hepatite C, antigamente era transmitida principalmente através de sangue contaminado, mas hoje, é comum entre usuários de drogas injetáveis ou cocaína inalada. A transmissão sexual do tipo C é mais rara.

Quais são os principais sintomas da doença?

A hepatite aguda pode passar despercebida. O paciente sequer sabe que tem ou teve a doença. Também pode simular quadros tipo gripe ou diarreia tipo gastroenterite ou pode ocorrer o quadro clássico com dor muscular, falta de apetite seguido de olhos amarelos e escurecimento da urina. Os sintomas não são tão frequentes. 50% das pessoas que tem hepatite aguda não tem sintoma algum. A hepatite crônica pode ser totalmente assintomática, o que é muito comum na hepatite C. Às vezes os sintomas só aparecem na fase final da evolução na forma de cirrose hepática, com olhos amarelos, barriga d’água, etc.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico é feito exclusivamente através de exame de sangue. Primeiro se faz o diagnóstico de inflamação no fígado, temos exames específicos para isso. Cada tipo de hepatite tem seu marcador específico.

De acordo com o boletim epidemiológico publicado em 2018 pela Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde (DIAHV/SVS/MS), foram registrados mais de 40 mil novos casos de hepatites virais no Brasil em 2017 e estima-se que este ano, serão realizados 50 mil novos diagnósticos. O que pode ser feito para diminuir esses números?

Primeiramente, vacinação! Existe vacina para as hepatites A e B, sendo que quem tomou a vacina para o vírus B também fica imune ao tipo D. As vacinas são gratuitas e estão disponíveis na rede pública. Não existe vacina para a hepatite C, mas como ela é transmitida principalmente por sangue contaminado, deve-se evitar o uso compartilhado de qualquer material que possa cortar, por exemplo, material de barba e de manicure. Sexo seguro sempre.

Hepatite tem cura? Como é feito o tratamento?

Tem. As hepatites agudas normalmente se curam sozinhas, na maioria dos casos, mas podem ocorrer quadros graves de hepatite fulminante evoluindo até para transplante de fígado. Para as hepatites crônicas, principalmente a B e a C, existem remédios. Ainda não há cura para a hepatite B. Existe remédio para negativar o vírus, mas é necessário o uso contínuo do medicamento. A hepatite C tem cura e o tratamento é extremamente simples. O paciente toma um comprimido ao dia durante 12 semanas de modo contínuo com chance de cura de mais de 95%. Se todos os países aderirem à recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS), a expectativa é que até 2030 a hepatite C esteja controlada.

O Ministério da Saúde lançou em julho de 2018 um plano, pactuado com estados e municípios, que pretende eliminar a hepatite C no Brasil até 2030, seguindo a recomendação da OMS. O senhor acha que isso é possível? O que é preciso fazer para esta meta ser alcançada?

É perfeitamente possível, se tiver o remédio disponível. O Ministério da Saúde comprou recentemente um lote do medicamento e disponibilizou gratuitamente para qualquer pessoa. Qualquer paciente que tenha diagnóstico de hepatite C irá receber o remédio indicado pelo médico pelo serviço público de saúde. Hoje, não tem mais os efeitos colaterais que existiam antigamente.

Quem tem ou teve hepatite pode engravidar e amamentar?

Se já teve e está curada, pode engravidar e amamentar normalmente. Se é portadora da hepatite B, significa que tem o vírus. Neste caso, precisa tomar mais cuidado, principalmente no último trimestre, sendo necessária avaliação médica. A amamentação não é contraindicada na hepatite B.

Quem tem ou teve a doença pode doar sangue?

Quem teve hepatite B ou C não pode doar sangue. Mas quem teve hepatite A, pode.

Se uma pessoa quiser saber se já teve hepatite, o que precisa ser feito?

Procure um médico que irá solicitar o exame de sangue necessário.

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